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outubro 04, 2009

Seguindo Clarice, a Lispector

Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então. Deixo-te estilhaçar o encanto com um sorriso amoroso para a taça de vinho; e tu, deixa-me vadiar pelo teu ser, noturna e fugidia mas em ebulição. Deixo-te cobiçar outras peles e perfumes, anonimamente; e tu, deixa-me seguir pelas horas, consciente do perigo mas enfeitiçada, não só pela lua cobrindo o jardim de um prateado suavemente azulado. Deixo-te despir-se, mostrar-se, alma tântrica e insuspeita leviandade; e tu, deixa-me apenas saber-te figura clássica sob uma árvore, saboreando felicidades clandestinas, cantata em latim sob a chuva, enquanto eu, desajeitado miosótis, indecifrável sentimento aquecendo-me, alimentando-me e morrendo-me viscontinianamente numa praia italiana, ao pôr-do-sol. Eu te deixo ser realidade pura e imperfeita e imprevista e desejada. Deixa-me apenas com a flor pagã do meu segredo. O silêncio perfeito de uma flor. Macio como quando se fecha a  luz para dormir. E faz o botão da luz um barulhinho que quer dizer: boa noite, meu amor. Perdoe-me pelo caos no meu planeta.

2 comentários:

  1. Uhm...Clarice como inspiração,que ótimo,só cuidado para ela não te devorar!

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  2. Perdoe-me pelo caos no meu planeta.
    BJSSSSSSSSSSS

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