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abril 16, 2010

Era uma vez...


   ... uma casa de palavras, uma casa abrigo, e três palavras procurando amigos - outras palavras que recriassem a palavra língua nuns lábios, nuns traços em antárticos espaços, 
em mil sentidos corporais.
   Era uma vez uma casa, linguagem em movimento, palavra nítida, que se comunicava com a cidade, com a arte, com a vida. (T.M.)



   É fato que, no fundo, o ser humano é uma ilha - uma ilha móvel, com suas próprias angústias,  seus medos, decepções, inquietações, frustrações e ambições. Nascemos e morremos sós, pontos insignificantes diante da terra inteira, mais o sistema solar, e a via láctea e o indefinido (Fernando Pessoa).
   Mas, e o caminho entre um ponto e outro? A paisagem pode ser a mais atraente do mundo, a mais perfeita; contudo, sem a figura de um amigo que seja, as cores não são tão vivas quanto poderiam ser, as formas não são tão firmes. Uma queda, e cadê a mão estendida para a sua? Uma tristeza abissal e onde um colo para alugar? Uma alegria incontida, uma emoção nova, uma delicada ou surpreendente descoberta, mas... que sabor têm sem ninguém especial para dividir?
   Alguém escreveu um dia que Ser é antes de tudo fazer-se e encontrar-se, e ninguém pode fazer essa viagem sozinho. Porque é através da presença e do olhar do Outro que podemos nos tornar ou simplesmente nos descobrir melhores, encarar nossas possibilidades com mais confiança e nossas impotências com mais naturalidade, suportar melhor as reviravoltas dessa aventura única que é viver.
   Todos precisamos de alguém para trocar momentos de loucura e glória, para nos ajudar a desvendar nossos próprios mistérios e a proteger nosso lado mais bonito, aquele sem máscaras nem subterfúgios, num mundo cada vez mais superficial. Alguém com quem possamos dividir  nossa ternura mais secreta, a nossa face mais ardente, e exercitar as nossas fantasias, nosso erotismo, nossa passionalidade. Alguém a quem possamos dizer todas as letras e esquecer todas as palavras, ainda que numa louca e breve história.
   Não deve ser à toa que encontros casuais, alguns especialmente encantadores, acontecem todos os dias: é a vida dando chances a cada um de se descobrir e se encontrar no Outro(T. M.)

                                                                       

abril 08, 2010

Achados e perdidos

Te dar um olhar,
não aquele olhar distraído,
mas um olhar de quem chegou inteiro
e que se entrega enternecido e desamparado
dizendo: olha, sou teu.
Agora veja lá o que vai fazer comigo."

(Affonso Romano de Sant'Anna)


Carrego o peso da lua,
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.


Viver de noite
Me fez senhor do fogo.
A vocês, eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.


(Paulo Leminski)


um copo pela metade
numa mesa abandonado
um poema inacabado
cinzas e baganas num cinzeiro
uma foto amarelada
uma carta no fundo da gaveta


quanta tragédia desenganada


(Clei de Souza)



A poesia não dá camisa.
O poeta
Quando tem uma musa
Não precisa de blusa
Vive de brisa.


(Pedro Bial)