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NOTÍCIAS *INFORMAÇÕES * DISTRAÇÕES * IMPRESSÕES * PULSAÇÕES

outubro 25, 2009

Comunico que...

em tempo de retiro (entre voluntário e necessário) resolvi criar mais um brinquedinho. Daí nasceu o Lectus - um blog mural, para onde estão migrando aos poucos textos até então ancorados em cadernos antigos, copiados à mão ou recortados e colados. Uma coleção muito querida (sempre em movimento) que decidi compartilhar com quem, como eu, aprecie a boa palavra na medida certa. 

lectusexlibris.blogspot.com

outubro 22, 2009

Acreditar ou não: eis a questão

   A Ediouro publicava uns livros que eu adorava. Compunham a "coleção ilustrada de fatos incríveis, inacreditáveis" Por Incrível que Pareça! e eu comprei todos via reembolso postal. Já bibliófila sem saber, me acabava comprando livros via reembolso postal
   Ainda tenho os livros (quatro) e resolvi pinçar umas informações entre dúbias, absurdas ou fantásticas pra decorar este espaço (sabia que um dia elas serviriam pra alguma coisa!).

  • Blucher, o destemido comandante prussiano, cuja oportuna intervenção na Batalha de Waterloo selou a derrota de Napoleão, sofria de uma fobia permanente: receava dar à luz um elefante.
  • Os grilos ouvem através dos joelhos; as cigarras, através do estômago.
  • Madame de La Bresse, excêntrica herdeira de grande fortuna na França, destinou todo o seu dinheiro, ao morrer, para a compra de agasalhos para os bonecos de neve.
  • Quando se fazia um brinde a uma dama na Roma Antiga, costumava-se beber um copo para cada letra de seu nome.
  • Durante vários anos, um jornal francês publicou uma edição em borracha, para os que gostavam de ler na banheira.
  • Johann Georg Krünitz escreveu uma enciclopédia de 242 volumes, inteiramente à mão.
  • O Marquês de Pélier passou 50 anos na prisão por ter cometido a terrível ofensa de assobiar para Maria Antonieta, a última rainha da França.
  • Um dos primeiros governadores de Nova Iorque, primo da Rainha Ana, da Inglaterra, era um notório travesti. Até mesmo seu retrato oficial mostra-o usando roupas femininas.
  • Antes do advento da medicina moderna, a ortopedia, na Inglaterra, era praticada pelos ferreiros.
  • A famosa tela de Leonardo da Vinci, Mona Lisa, foi originalmente comprada pelo rei francês Francisco I, que a usou na decoração de seu banheiro.

   Outros objetos de desejo e compra eram os manuais da Disney (Manual do Escoteiro Mirim, Manual do Gastão, Manual do Professor Pardal...). Mas isso já é outra história...

outubro 21, 2009



   Esta animação de Peter Puntman foi inspirada na pintura surrealista do artista belga René Magritte, um dos meus mais queridos. Aprecio demais obras que remetem ao onírico.

O poeta

   O que dizer de Clei de Souza? Tempos atrás postei um poema sobre/para ele. Tenho-o, sem dúvida alguma, como um dos meus poetas preferidos. Comprei muitos dos livrinhos que ele mesmo produzia e vendia. Tive o privilégio de tê-lo como instrutor em uma oficina de criação literária. Recentemente, Clei lançou um livro de contos. 
   Então, pra quem ainda não conhece os versos do Clei, aí vão alguns.


último desejo
todo beijo que seja
com a força do derradeiro
pois a morte se esconde na vida
e os beijos (desde o primeiro)
já escondem consigo a despedida


poema extraído de uma afronta
não olho
(que não sei só olhar)
não falo
(que não sei só falar)
não toco
(que não sei só tocar)
se não for para ser tudo
me deixe só
quieto
mudo


vocação
minha mãe me queria médico
(curar e ser alguém na vida)
que ironia vir a ser poeta
não há quem saiba como eu
fazer ferida


carnívoro
este corpo e estes olhos
que um dia a terra há de comer
ainda hão de comer muitos corpos


como a voz do mar
cabe 
na concha?


era dos cyborgs

- máquinas não choram nem se chocam!
- que queres dizer, poeta?
- preste atenção:
a cada minuto morre uma criança no Brasil!
mulheres, homens e crianças foram mortos
a mando do estado e do latifúndio!
uma família almoçou um seio cancerígeno!
- e daí?... que queres dizer com isso?
- repito... máquinas não choram nem se chocam!


confessionário
tu me sussurras no ouvido
tudo o que a tua libido sonha
e os deuses se te ouvissem
morreriam de inveja ou de vergonha


ácido lírico
ou a poesia morreu,
mas o policial disse que foi porque ela reagiu


Reabrindo os olhos

   
     Depois de um longo e tenebroso inverno, eis-me aqui de volta.
Vamos às palavras e imagens outra vez.


Recados Animados


Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta
Seria, com certeza, um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras
do que os homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças
do que pelos homens.
Vi que as águas têm mais qualidade para a paz 
do que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas 
do que os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver
do ponto de vista de uma borboleta.
Ali até o meu fascínio era azul.

   (Manoel de Barros, Borboletas)

Amo borboletas!

Confira mais figuras de Borboletas  

[link=http://orkutscrap.recadoamigo.com/imagens_borboletas.php]Aqui[/link]





  

outubro 07, 2009

Sou suspeitíssima pra justificar esse vídeo aqui: adoro gatos!Tenho muitos, sou fascinada por eles, por sua independência e seu poder de conseguir preservar o mistério que os identifica. É claro que a literatura não poderia ignorá-los, provocadores do imaginário que são.

     Há um texto de Lygia Fagundes Telles, Os gatos, que diz assim:

"Ele fixaria em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo."

     O texto continua, é um pouco longo - o que, em se tratando de Lygia, é um prazer. Faz parte do livro de impressões A disciplina do amor, um dos meus mais queridos.

outubro 06, 2009

Primeiro curta em animação do artista gráfico Rodrigo Jolee. E o poema remete a tanta coisa sufocando esses nossos dias...

outubro 05, 2009

Quem disse o quê?

  • Acho as mulheres um saco. Sempre achei. Amo Mickey Mouse mais do que qualquer mulher que já conheci. (Walt Disney)
  • A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também os nossos inimigos. Talvez porque sejam as mesmas pessoas. (G.K.Chesterton)
  • É bom não esquecer que o inventor do alfabeto foi um analfabeto. (Millôr Fernandes)
  • Se eu resolvesse contar tudo que sei, seria assassinado antes. Ou eu próprio mandaria me assassinar. (Boris Casoy)
  • Dura lex, sed lex: a lei é dura, mas é lei. Mas, para os ricos é dura lex, sed lex: a lei é dura, mas estica. (Fernando Sabino)
  • Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira. (Ronald Reagan)
  • É bom não esquecer que a ordem de "Crescei e multiplicai-vos" foi dada quando a população do mundo consistia de duas pessoas. (William Ralph Inge)
  • Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada. (Albert Einstein)
  • Não preciso de quem faça sim quando eu concorde e faça não quando eu discorde. Minha sombra faz isso muito melhor. (Plutarco)
  • Se pudesse receber de volta a taxa de inscrição, eu pediria demissão da raça humana. (Fred Allen)
 (De O poder de mau-humor e O melhor do mau humor, ambos do jornalista Ruy Castro, Cia.das Letras, SP)
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   

"Vamo c divrtir 1 pokinho,vamo?"

 



outubro 04, 2009

Seguindo Clarice, a Lispector

Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então. Deixo-te estilhaçar o encanto com um sorriso amoroso para a taça de vinho; e tu, deixa-me vadiar pelo teu ser, noturna e fugidia mas em ebulição. Deixo-te cobiçar outras peles e perfumes, anonimamente; e tu, deixa-me seguir pelas horas, consciente do perigo mas enfeitiçada, não só pela lua cobrindo o jardim de um prateado suavemente azulado. Deixo-te despir-se, mostrar-se, alma tântrica e insuspeita leviandade; e tu, deixa-me apenas saber-te figura clássica sob uma árvore, saboreando felicidades clandestinas, cantata em latim sob a chuva, enquanto eu, desajeitado miosótis, indecifrável sentimento aquecendo-me, alimentando-me e morrendo-me viscontinianamente numa praia italiana, ao pôr-do-sol. Eu te deixo ser realidade pura e imperfeita e imprevista e desejada. Deixa-me apenas com a flor pagã do meu segredo. O silêncio perfeito de uma flor. Macio como quando se fecha a  luz para dormir. E faz o botão da luz um barulhinho que quer dizer: boa noite, meu amor. Perdoe-me pelo caos no meu planeta.

outubro 03, 2009

As imagens de Van Gogh, tendo ao fundo a música de Edvard Grieg, "Holberg Suite".
A Interpretação ímpar de Elis Regina e uma das canções mais belas da dupla João Bosco e Aldir Blanc.Amo, amo...!

outubro 02, 2009


     O primeiro livro de Manoel de Barros que li foi Livro de Pré-Coisas (roteiro para uma excursão poética no Pantanal). Lembro que comprei num sebo, um sebo de calçada, em 2005. Soube da existência do poeta matogrossense por meio de uma entrevista com a atriz Cássia Kiss (ela falou dele de maneira tão comovida, fiquei  curiosa).
     Rico em imagens ora deliciosamente naturais, ora quase oníricas, a obra construiu em mim lembranças de varandas abertas para o mato, para rios, para todo um universo de sons, cheiros e cores, uma cadeira de balanço e um homem a compartilhar seu olhar de velho sábio, tranquilamente.

   O que eu faço é servicinho à-toa. Sem nome nem dente. Como passarinho à-toa. (...) Afora pastorear borboletas, ajeito éguas pra jumento, ensino papagaio fumar, assobio com o subaco. Serviço sem volume nem olho: ovo de vespa no arame.


   Penso quem têm nostalgia de mar estas garças pantaneiras. São viúvas de Xaraiés? Alguma coisa em azul e profundidade lhes foi arrancada. Há uma sombra de dor em seus voos. Assim, quando não de regresso aos seus ninhos, enchem de entardecer os campos e os homens.


Minhocas arejam a terra; poetas, a linguagem.

(Livro de pré-coisas - Philobiblion Livros de Arte, 1985)

     Coloco agora aqui um dos poemas de Manoel de Barros que fazem parte de A Poesia dos Bichos (Volume I - Poesia, coleção Literatura em Minha Casa, ed. Bertrand Brasil, 2002).

Bernardo é quase árvore.

Bernardo é quase árvore.
Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe.
E vêm pousar em seu ombro.
Seu olho renova as tardes.
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho:
     1 abridor de amanhecer
     1 prego que farfalha
     1 encolhedor de rios - e
     1 esticador de horizontes.
(Bernardo consegue esticar o horizonte usando três fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.)
Bernardo desregula a natureza:
Seu olho aumenta o poente.
(Pode um homem enriquecer a natureza com a sua incompletude?)