Perambulo pelas ruas, alma em chagas, por saber a verdade que nos espera. Mas meu olhar é duro, não sofre ao ver os porcos que falam a chafurdar na miséria.
Extinguem-se as palavras mais doces, uma a uma desertam da humanidade, que fica desnuda e sem saída a não ser enfrentar a realidade do espelho - as lâminas de metal não mentem. Elas dizem: é isso, tu és isso, sempre foste isso, o resto era apenas uma performance de cinismo.
Mas a hora acabou e é tempo de caminhar sobre as brasas da turbulência.
"Sono de ser, sem remédio,
ResponderExcluirVestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói".
FERNANDO PESSOA