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fevereiro 07, 2010

Maravilhosa Martha

   Chegando perto do carnaval, começa a movimentação em busca de acessórios que dêem vazão à nossa fantasia: plumas, lantejoulas, paetês, purpurina e, por último mas não menos importante, máscaras. Seja no Rio de Janeiro ou em Veneza, a máscara sempre foi um produto carnavalesco de primeira necessidade, pelo seu caráter de mistério e fetiche, (...).
   (...) Máscara serve para não ser reconhecido, estão aí os Irmãos Metralha se valendo desse recurso até hoje. Mas os bandidos de verdade já não a utilizam, ao menos não as feitas de tecido negro, com dois buracos para os olhos e um elástico prendendo atrás. Bandidos usam máscaras, sim, mas são reproduções idênticas do próprio rosto, feitas de pele, osso e cinismo, muito fáceis de encontrar em Brasília. Não são máscaras de aparência, mas de retórica.
   (...) Cada um usa a máscara que lhe cai melhor. Óculos escuros, por exemplo, não são usados apenas como proteção contra o sol. Protegem-nos também de nossas lágrimas, de nossas rugas, de nossos terçóis, de nossa tristeza. Protegem-nos quando queremos olhar sem que nos percebam, quando somos famosos e não queremos ser descobertos, ou quando não somos e queremos parecer que sim. É o Zorro de Ray-Ban.
   (...) Faz falta, para muitos, um segundo rosto. Nada é mais revelador que nossa testa franzida, nosso olhar de medo, nossa face ruborizada, nosso queixo que treme.(...)
   (...) Não é fácil dar a cara sem defesa, entregar o rosto virgem, deixando transparecer nossa alegria e nossa dor. Desmascarar-se é um ato de bravura, por isso perdoa-se a barba que esconde a cicatriz, o silicone que disfarça imperfeições, a maquiagem que resgata a juventudo. É o Zorro de cada um.

          (Martha Medeiros. TREM-BALA, L&PM Editores)

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