Tabacaria foi o primeiro poema do Fernando Pessoa que eu li: "...Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,/E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,/E ouviu a voz de Deus num poço tapado." Do Carlos Drummond de Andrade foi A bruxa - paixão à primeira vista! Da Lygia Fagundes Telles foi o conto O jardim selvagem, instigada por um especial da Globo (lembro da Lidia Brondi...). E o conto Feliz aniversário me apresentou a Clarice Lispector.
Mas a primeira crônica (talvez não tenha sido a primeira, mas a que primeiro ficou encantada dentro de mim) foi Um pé-de-milho, do Rubem Braga. E aquele desenho de um pé-de-milho acima do texto - como as palavras e a imagem provocaram em mim um desejo de ter um também, tinha vontade e terra, corri a plantar. Brotaram três, que chegaram a ficar rapazinhos, contudo não vingaram, foram vencidos sem piedade pelas formigas ágeis e vorazes. Eu não fui capaz de defender o meu sonho.
Mas não desisti. Ora e vez, quando distraída, o velho sonho me alcança e pés de milho e girassóis dançam ao vento e me convidam e me seduzem: vem, vem... E aquela música*!
* Um girassol da cor de seu cabelo, de Lô e Márcio Borges
Sol, girassol, verde, vento solar
Você ainda quer dançar comigo?Vento solar e estrelas do marUm girassol da cor de seu cabelo...
* Um girassol da cor de seu cabelo, de Lô e Márcio Borges