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dezembro 13, 2010


   Dizer adeus aos sonhos. Dor. Que falta de ar. A mulher, sentada no toco de árvore (era uma ameixeira), observa o pedaço de terra que não é mais seu. Tanto que brincou e fantasiou por ali quando menino e menina. Longe esse tempo. Não há mais nada. Só a terra. Nem os sonhos não há mais. Não há mais tempo? Força? Alma para tanto? Não sabe. Só sente que dentro de si espalha-se uma aridez lenta mas incontrolável. Percebe a hora de aprender a se bastar com relampejos de felicidade e mínimas realizações - não um pomar: uma árvore; não um teatro: um invisível tablado; não uma vida sua, única: dividida, em rédea. Andou pensando demais nos outros (que foram indo, indo, e também o tempo, irrecuperável). Restou esse momento de olhos molhados no fim de tarde, a terra que não é mais sua diante de si, nua. Vergonha e cansaço de não ter sabido viver, comer a vida e não ser tragada por ela. Que incompetência.
   Dor. E essa falta de ar. Que fome de sonhos. Vontade de saber onde permitiu o desastre, onde o trem de sua vida descarrilou e desde então ela jaz à beira da estrada.
   Um jardim, talvez, quem sabe, um pequeno jardim... Precisa tentar presentear a esta vida ao menos um pequeno jardim. Ah, saudade do tempo dos anjos e das fadas e dos piratas e das tantas vidas que um dia acreditou possíveis. (Telma Monteiro)

3 comentários:

  1. Que texto, Telma! Amei, amei.
    Estou aqui em êxtase.
    Ah, se pudéssemos segurar o tempo...
    Parabéns pelo blog. Parabéns pelos textos.
    Abraços :)

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  2. Oi Telma,
    Vim aqui deixar o meu abraço, junto com meus votos do mais Lindo e Feliz Natal e que continue nos presenteando com estes textos maravilhosos.
    Bjs.
    Estela

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  3. Caramba!Você nos mata com seus textos encantadores,mas esse em especial me trouxe algo que não sei explicar,talvez uma singela tristeza sultimente disfarçada ou não; e metaforizada.Essa prosa tocou lá no fundo,é linda,mas é triste...por toda a história que traz, que levemente traduz...

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