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fevereiro 13, 2011


   Coisa triste, despedida. Despedida travestida de desencanto, desencanto inspirando desistência. O acaso, às vezes, é um deus muito cruel em seus passos distraídos; logo a coisa que espanta e machuca está lá, subitamente, como uma dessas figuras que saltam de dentro de uma caixa, na nossa cara, impulsionadas por uma mola. E o coração é traspassado por uma setinha de gelo - eis a revelação!
   De repente, nenhuma pergunta é mais necessária, que se danem os subterfúgios, as pequenas (mas essenciais) omissões a camuflar estranhas verdades, compondo uma falsa tapeçaria. O ato fala por si, tanto para o bem como para o mal. Então ressurge a dor, mas desta vez lhe causa uma espécie de entorpecimento, assim uma comoção - ah, esse dom para o ridículo, para a ingenuidade, já deveria tê-la cansado, mas não dependia só dela. Dependia da lua que vadiava no céu quando nascera, dependia do seu ascendente astrológico, do seu signo chinês, do seu anjo vez ou outra adormecido, do orixá  a quem não agradara, de tantos rituais que quebrara... E de uma coisa que deveria estar no Outro: a delicadeza de ser sincero para evitar que o sentimento morresse e se espalhasse em estilhaços por um caminho cru e vazio.
   Um gato preto e monástico a observa, perplexo: Como chegaste a duvidar da resposta que já sabias? Que tolice ignorar o olhar transcendental e esperar um sinal do acaso. A verdade sempre esteve lá onde os fatos a deixaram, a despeito do novo cenário. Apenas salva as lembranças dos perfumes e dos risos e da leveza e do calor e de quando era inacreditavelmente simples ser feliz (ainda que por um segundo, que podia ser todo o tempo do mundo, onde cabiam arrepios sutis e pecados febris). Salva o bom, a emoção, as canções. E que fique registrado: a felicidade é possível, ainda que efêmera e, quem sabe, enganosa. Hora de acordar. (Telma Monteiro)

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