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outubro 03, 2010

A máscara de todos nós


   Andei falando esses dias com uma amiga sobre a mentira. Mentirinhas, grandes mentiras... Mentira pequena não é pecado, ensinou minha mãe. Aquela que não prejudica nem magoa ninguém. Já as maiores, principalmente as que envolvem os sentimentos de outra pessoa, jogam com a sensibilidade alheia, põem em risco a confiança que não foi dada de graça nem nasceu na porta de um botequim, isso é sério. Chega a ser de uma irresponsabilidade absurda.
   Minha amiga lembrou de uma parte no livro O Caçador de Pipas, em que o pai dos meninos diz que o maior pecado é o roubo. Roubar o direito a vida, roubar o direito a liberdade, roubar o direito a verdade. Roubar a confiança que se conquistou de alguém. E eu lembrei de uma frase do Quintana: A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer. E assim simboliza-se, poeticamente, uma busca pela felicidade que por um motivo ou outro falte no momento.
   Porém, quando há uma outra parte (e quase sempre há), o direito dessa outra parte saber a verdade é o limite; e quando esse limite não é ao menos considerado, acontece a mágoa, a dor, o estrago.
   Quando menina, ouvi a história de um menino que mentia sobre estar em perigo só pra se divertir às custas do desespero provocado nos outros, envaidecido do seu próprio poder de convencimento (a chamada performance). Até que, um dia, quando realmente em perigo, ninguém acreditou nele porque haviam cansado de acreditar. Não lembro o que aconteceu com o menino.
   Descobrir uma mentira traz uma série de consequências até anteriores a ela - desde quando? quantas vezes? E a imaginação de um sorriso por trás do ato, de alguém se divertindo pela ingenuidade do outro, orgulhando-se do seu próprio jogo de dissimulação.
   Não saber mais o que é verdade, o que é mentira, sufoca, aflige, incomoda.  Ah, a maravilha das artes de representação sobre um palco, atrás de uma câmera, quando assistimos atuações capazes de cativar nossa credibilidade e capturar nossa emoção (positiva ou negativa). Mas, ao fim daquele tempo, finda-se a ilusão. Entramos naquele mundo plenamente conscientes do quadro ilusório que a nós seria oferecido, até pagamos por ele.
   O fim de um sonho (sob todas as formas) exige uma revisão da própria vida. Pensei agora em todas as grandes mentiras que tive a oportunidade de dizer,  em todas as chances que tive de enredar e deixei passar. Não sou santa. Cultivo um rosário de pequenas mentiras. Mas, como disse pra minha amiga, cinco anos em colégio de freiras estragaram meu caráter (e também minha mãe, com seu olhar que parecia desvendar tudo).
   O risco de se oferecer de presente uma mentira que toca e espinha um coração, é que não vai poder se recusar o presente, se ele vier de volta. E que triste a vida se tornando apenas um círculo vicioso. Ou um simples jogo de mal-me-quer, bem-me-quer - tu me enganas, eu te engano... (T. M.)
  
  

4 comentários:

  1. (Zeca Baleiro)

    Pecadinhos

    Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
    Tende piedade dos pecadinhos
    Que de tão pequenininhos não fazem mal a ninguém

    Perdoai nossas faltas
    Quando falta o carinho
    Quando flores nos faltam
    Quando sobram espinhos

    Eu que vivo na flauta
    Vivo tão pianinho
    Vou virar astronauta
    Pra aprender o caminho

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  2. Telma, obrigado pela visita. Dou permissao para voce publicar material de Ondjira Sul nos seus blogs.
    Kandandu

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  3. Olá Telma,
    Obrigada pela visita e comentários no http://humanosdevaneios.zip.net/
    Vou visitar mais vezes o teu blog.

    beijos.
    Luz e Paz!!!

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