BEM-VINDOS E OBRIGADA PELA VISITA.




NOTÍCIAS *INFORMAÇÕES * DISTRAÇÕES * IMPRESSÕES * PULSAÇÕES

julho 30, 2010

Quintana ad infinitum


   Primeira carícia do poeta de olhar infantil foi: Sou um fio d'água transportado pela areia. Todas as coisas frágeis e pobres se parecem comigo. Tanta delicadeza, um passarinho na mão. Comecei a caçar suas palavras e paisagens, ora de um encanto angelical, ora - vejam só! - de uma elegante ironia.
   Gaúcho de Alegrete, alfabetizado pela mãe e pelo pai farmacêutico, só ficou na cidade natal até a adolescência. Deixou para trás os dias de uma luz tão mansa, os serões em família, as casas cercadas de tias e os primeiros amores. Tive uma infância igual a de todo guri, talvez mais dada a leitura, por inclinação natural.
   Importante ponto de consolidação de seu estilo literário foi a mudança para a capital, quando publicou seus primeiros textos na revista dos alunos do Colégio Militar de Porto Alegre, a Hyléia. Asas já ensaiando um voo livre, profundamente independente, lírico e muitas vezes muito bem-humorado. O resto, que os próprios poemas contem...
   E Quintana também me levou a Bruna Lombardi. Foi por referência dele  que acreditei que por trás de tanta beleza, aqueles olhos de selva, havia uma poeta. Tanta admiração não seria à toa.
   Tem minha especial atenção a poesia breve, muitas vezes em prosa - uma caixinha é posta a sua frente, você abre e se surpreende com a flor rara, delicada, insuspeitada.
   Em maio, lamentaram-se os seus 16 anos de morte. E hoje comemoram-se os seus 104 anos sempre vivos. Ave, Quintana!
  
Há um silêncio de antes de abrir-se um telegrama urgente
Há um silêncio de um primeiro olhar de desejo
Há um silêncio trêmulo de teias ao apanhar uma mosca
... e o silêncio de uma lápide que ninguém lê. (Silêncios)

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio. (A oferenda)

Caminhozinho por onde eu ia andando
E de repente te sumiste,
- o que seria que te aconteceu?
Eu sei... o tempo... as ervas más... a vida...
Não, não foi a morte que acabou contigo:
Foi a vida.
Ah, nunca a vida fez uma história mais triste
Que a de um caminho que se perdeu... (Uma simples elegia)

   Se alguém acha que estás escrevendo muito bem, desconfia... O crime perfeito não deixa vestígios. (Do estilo)

Dias maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia...
E do lábio do amigo brotam palavras de eterno encanto...
Dias mágicos...
Em que os burgueses espiam,
Através das vidraças dos escritórios,
A graça gratuita das nuvens... (O milagre)

...a tua cabeleira feita de chamas negras... (Outro princípio de incêndio)



Pequeno esclarecimento

   Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos ou declamatórios. Um silêncio... este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

  

julho 24, 2010


   É noitemanhã. Dor na nuca, ventilador ligado, falso silêncio na rua  (aquele mesmo de pescador só pra iludir o peixe e levá-lo à isca), porque logo uma buzina toca, é um código ilícito, e ninguém fará nada, pois todos já estamos perigosamente na caminho com Maiakóvski.
   As notícias nos jornais quase em nada lembram humanidade, porque quase nada mais há de humanidade - faz-se necessário não mais disfarçar, para não cair na hipocrisia: a época é luciferina.
   E eu só queria que você respeitasse minha insônia e meu ser caracol. Há horas em que a palavra demora aqui dentro, senta-se à beira da estrada e só quer ficar a ver navios e sonhos e miragens passando. Há horas que são por um triz, há horas em que estou por um fio e preciso calar. Não precisa entender. Apenas respeite a porta fechada, o livro aberto, a mão e a caneta, os ouvidos selados, o ócio, a carne sem libido, os meus últimos segredos. Os cães me sabem. Os cães! (T.M.)

julho 20, 2010

20 de julho - amigos, amizade

   Imagine escolher uma frase, entre as milhares que já foram escritas, para definir a mais celebrada relação que existe na face da Terra. Uma frasezinha apenas, um único conjunto de palavras que possa abarcar e transmitir o que é a amizade. Dos pára-choques de caminhão aos filósofos gregos, dos ditados populares a Shakespeare, selecionei uma delas, muito singela, que é capaz de dar a exata dimensão desse tipo de amor. Ela foi escrita por um autor norte-americano de ficção científica, Ray Bradbury. Disse nosso amigo Ray que a amizade é uma casa com uma luzinha na varanda. Bonito, não? Num único flash, ele consegue passar a sensação de aconchego, calor, carinho e alegria que pode estar presente na amizade. Isto é, por mais escura que a noite possa nos parecer, a luminosidade acolhedora desse sentimento vai estar sempre aguardando nossa chegada. Ao abrigo dos amigos, podemos tirar a fantasia, a máscara e a armadura e largar paus e pedras e nos mostrar vulneráveis, frágeis, cheios de defeitos. E perceber que, ainda assim, somos aceitos. Existe bem tão precioso quanto esse num mundo tão agressivo e pontudo como o de hoje?
   (...) Para terminar, queria lembrar alguém que fez um tratado sobre amizade (Da amizade) há quase 2 mil anos, o senador romano Marco Túlio Cícero. Diz ele que se os deuses nos dessem o paraíso, com suas flores e frutos, paz e abundância, beleza e harmonia, em pouquíssimo tempo a gente morreria de tédio, se não tivéssemos amigos para dividir a experiência. Enfim, sem o sal da amizade, a vida fica sem tempero, sem graça. Não é motivo suficiente para você levantar agora do sofá e ir ver um amigo? (Liane Alves, revista Vida Simples, ed. 33)

Celebração da Amizade/1


   Nos subúrbio de Havana, chamam o amigo de minha terra ou meu sangue.
   Em Caracas, o amigo é minha pada ou minha chave: pada, por causa de padaria, a fonte do bom pão para as fomes da alma; e chave por causa de...
   - Chave, por causa de chave - me conta Mário Benedetti.
   E me conta que quando morava em Buenos Aires, nos tempos do horror, ele usava cinco chaves alheias em seu chaveiro: cinco chaves, de cinco casas, de cinco amigos: as chaves que o salvaram. (Eduardo Galeano, em O livro dos abraços)

julho 03, 2010

Máximas do teclado

 Recados Para Orkut

  • A pressa é inimiga da conexão.
  • Amigos, amigos, senhas à parte.
  • Antes só que em chats aborrecidos.
  • A arquivo dado não se olha o formato.
  • Diga-me que chat frequentas e te direi quem és.
  • Para bom provedor, uma senha basta.
  • Não adianta chorar sobre o arquivo deletado.
  • Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.
  • Em terra offline, quem tem discada é rei.
  • Hacker que ladra não morde.
  • Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
  • Mouse sujo se limpa em casa.
  • Melhor prevenir que formatar.
  • O barato sai caro e lento.
  • Quando a esmola é demais, tem vírus anexado.
  • Quando um não quer, dois não teclam.
  • Quem ama um 486, Core Duo lhe parece.
  • Quem clica, seus males multiplica.
  • Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
  • Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
  • Quem não tem banda larga, caça com discada.
  • Quem nunca errou que aperte a primeira tecla.
  • Quem semeia e-mails, colhe spams.
  • Quem tem dedo vai a Roma.com.
  • Um é pouco, dois é bom, três é chat.
  • Vão-se os arquivos, ficam os backups.
  • A felicidade está a um click do mouse.
  • Os mais lentos serão os últimos a baixar.
                                                                             (Fonte: amostragratis.org
    Imagem: recados-orkut.com)